desert dune with blue sky
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Missão no deserto

Missão no deserto

O ministério da igreja de Cristo tem algumas semelhanças com o ministério de João Batista. João foi enviado para preparar o povo daqueles dias para a chegada do Salvador, em sua primeira vinda, enquanto a igreja é enviada para preparar o mundo para a segunda vinda do Senhor, em glória.

O profeta Isaías já havia escrito sobre João Batista, aquele que viria para anunciar o Messias em sua primeira vinda. Lucas, em seu evangelho, cita a revelação de Isaías sobre João Batista, dizendo:

“Voz do que clama no deserto: preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele. Todo vale será aterrado e todas as montanhas e colinas, niveladas. As estradas tortuosas serão endireitadas e os caminhos acidentados, aplanados. E toda a humanidade verá a salvação de Deus”.

Lc 3.4-6

Uma primeira característica que notamos no ministério de João Batista é que foi desenvolvido no deserto. Ele era uma voz clamando, em nome de Deus, no deserto da Judéia. Sua vida era simples, feitas de pelos de camelo com um cinto de couro na cintura. Seu alimento era gafanhotos e mel silvestre (Mt 3.4,5). Afinal, ele não precisava de muito naquele deserto devido ao foco que sua vida deveria ter.

A igreja também é chamada para ser uma voz no deserto. O deserto é um local de provação, lutas e dificuldades. Nele, a igreja é purificada. Ou seja, aqueles que realmente são de Cristo, permanecerão fiéis até o fim. Ao contrário do que muitas igrejas anunciam hoje, o crente não é chamado por Cristo para viver como rei neste mundo, mas para testemunhar do Rei, mesmo estando em meio às lutas do “deserto”. Com os lábios e com a vida, cada crente deve anunciar Jesus Cristo ao mundo.

A igreja não pode ser retirada do deserto, pois é nele que estão aqueles que precisam ouvir e experimentar de Cristo, o Senhor e Salvador.

O deserto não é a morada final da igreja, daqueles que creem e amam ao Senhor. É um local de passagem, rumo à terra prometida, junto ao Pai eterno. Não devemos nos preocupar, como os ímpios, com vestes, conforto e riquezas, pois somos estrangeiros de passagem e com uma missão muito bem definida pelo Senhor.

Como João Batista, a igreja deve preparar o caminho para o Senhor. Como fazer isso? Anunciando a sua glória entre as nações e, ao mesmo tempo, sendo agentes do Reino de Deus no mundo. Anunciando a graça de Deus em Cristo Jesus. No evangelho de Mateus, lemos que o “evangelho do Reino será pregado em todo o mundo como testemunho a todas as nações, e então virá o fim” (Mt 24.14). Isso é obra que a igreja fiel cumprirá para preparar tudo para a vinda do Rei. Para isso, a igreja deve estar decidida a honrar o chamado do Senhor, a perseverar na vontade do Rei, a priorizar o preparo do caminho para a chegada final do Rei no mundo.

É necessário envolvimento, comprometimento e dedicação por parte de cada um de nós para que o Senhor seja honrado em nossa igreja.

João deveria preparar veredas retas para que o rei Jesus, em sua primeira vinda, pudesse realizar seu ministério. Ele confrontou opressores, ricos sem compaixão, dominadores e pessoas que expandiam a injustiça no mundo. O mesmo cabe à igreja.

Nossa missão não é apenas falar do justo Rei que virá, mas também sermos agentes de justiça no mundo hoje.

Existe um preço, é claro. Estarmos ao lado daqueles que não tem voz na sociedade, dos pobres, oprimidos e esquecidos não é confortável, e nos levantarmos contra os opressores injustos que dominam sobre muitos é uma batalha grandiosa. Tudo isso é um grande desafio diante de nós, mas somos cidadãos do Reino de Deus e estamos a serviço do Rei dos reis. Por isso, não podemos fugir da nossa missão e de sermos fiéis ao Senhor.

Nós, igreja de Cristo, também somos chamados, como João, para aterrar vales e nivelar montanhas e colinas. João exaltou os humildes e rebaixou os soberbos e os exaltados pela sociedade. A igreja não pode aceitar os parâmetros da sociedade onde uns são exaltados e outros, por serem tidos como menores, são humilhados e destituídos do direito à dignidade humana e ao respeito. Aos olhos do Rei e no seu reino, somente ele é exaltado. Todos os outros estão em um mesmo nível e são amados, respeitados e dignificados com a mesma intensidade. Ninguém é maior ou superior ao seu semelhante.

A igreja deve lutar para dignificar os humilhados e rebaixar aqueles que são tão engrandecidos pelo mundo para que todos sejam respeitados e dignificados da mesma forma, e somente o Senhor exaltado.

O ministério de João incluía endireitar estradas e aplanar caminhos. A igreja também é chamada para isso. São muitas as vidas tortuosas, relacionamentos tóxicos que devem ser endireitados, famílias com problemas gravíssimos. O mundo precisa do evangelho, vivido e pregado, para que as pessoas provem de uma vida melhor, diante de Deus e do próximo.

A sociedade precisa do testemunho da igreja para endireitar princípios, conceitos e valores.

Muito do que é tido como certo na sociedade hoje, é reprovado por Deus. É reprovado por ele não de forma arbitrária, mas porque tais comportamentos e conceitos trazem consequências ruins, a curto ou longo prazo, para a vida humana. Sexualidade e família, por exemplo, são tópicos que a igreja deve sempre estar trabalhando na sociedade para que ela seja contagiada pela compreensão e definição do Reino nesses temas. Sermos sal e luz do mundo implica em envolvimento, em nos expormos para que a vida do Reino seja, cada vez mais, ensinada e estabelecida no mundo, sempre pelo amor.

Por fim, João Batista teve o propósito de preparar o caminho para o rei Jesus porque somente pelo Senhor a humanidade pode provar da salvação plena e eterna de Deus. A igreja não pode perder tempo. Crentes, acordemos para a missão! O mundo está a caminho do inferno e nós fomos encarregados de anunciar a cada povo, raça, língua e nação a salvação de Cristo. Comecemos perto, em nossa casa, vizinhança, ambiente de trabalho e estudo. Mas não paremos aí, pois, como John Wesley no passado nos lembrou, o mundo é a nossa paróquia. Sejamos fiéis ao Senhor, cada um de nós.

Paremos de tentar ajuntar bens e agradar ao nosso coração em suas vontades enquanto pessoas, até mesmo amados nossos, caminham a passos largos para a condenação eterna.

Aprendamos com João Batista: cumpramos a nossa missão, mesmo que isso implique em lutas, dificuldades, privações e perseguições. Nossa prioridade é – apesar de trabalharmos, estudarmos e termos que cuidar de detalhes diários de nossa vida particular – o serviço do Reino de Deus.

Que Jesus seja exaltado em nossas vidas e em nossa igreja. Amém.

NOSSA ORAÇÃO

Senhor, quão maravilhosa é a tua graça e quão incomparável é viver debaixo do teu cuidado e amor!

Somos um povo abençoado por provarmos da renovação da tua misericórdia sobre nossas vidas todos os dias. Louvado seja o teu santo nome, Altíssimo Senhor!

Sabemos, entretanto, que não podemos nos acomodar. Devemos ouvir a tua voz nos enviando ao mundo, em missão, para levarmos o teu amor, graça e salvação àqueles que ainda não o conhecem intimamente como nós.

Aviva a tua obra em nossas vidas e corações. Tira, Senhor, os nossos olhos das coisas do mundo, das nossas preocupações e lutas pessoais, pois somos um povo com um propósito muito claro e definido: testemunhar do Senhor no mundo com nossos lábios e vida. Anunciarmos o teu amor e justiça, pregando, ensinando e vivendo o teu evangelho.

Usa-nos, Santo Espírito, de tal forma que muitas vidas, famílias, povos e nações venham a se curvar, por amor e reverência, diante do Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Assim, o Pai será exaltado em toda a terra.

Em nome de Jesus Cristo oramos. Amém.

PESCA

Tema: Missão no deserto.

Texto: Lc 3.1-6.

  1. João Batista realizou o seu ministério no deserto. Qual é o paralelo dessa verdade com o ministério da igreja no mundo hoje? E suas implicações práticas?
  2. Assim como João Batista veio para preparar o caminho para o Senhor, a igreja também deve fazer. Qual é o significado disso para o povo de Deus hoje?
  3. O ministério de João também envolvia preparar veredas retas para a chegada do Rei. Qual é a relevância disso para o nosso chamado hoje como igreja de Cristo?
  4. Aterrar vales e nivelar montanhas e colinas, qual é o desafio que essas palavras trazem para nós hoje, como servos em missão no mundo?
  5. Endireitar estradas e aplanar caminhos. A igreja também é chamada para isso. Qual deve ser o comportamento da igreja para que venhamos a cumprir essas palavras?
  6. O que a igreja deve fazer para cumprir Lc 3.6, parte também essencial na missão a ela confiada? O que você, particularmente, pode fazer para ser mais eficaz nisso?