A sedução da serpente

A sedução da serpente

No terceiro capítulo de Gênesis acontece um encontro marcante, importante e esclarecedor.

Uma serpente conversa com Eva, na presença de Adão, conduzindo-os ao pecado, a desobediência, a um afastamento de Deus e a uma condenação.

Mas, para entendermos com maior profundidade este texto, precisamos conhecer algumas verdades.

Primeiramente, saber que os onze primeiros capítulos de Gênesis são tão simbólicos quanto os capítulos proféticos de Daniel e Apocalipse, por exemplo.

As lições mais importantes, portanto, não estão na interpretação literal de Gn 3.1-24, mas sim em uma compreensão do seu simbolismo bíblico.

Seria estranho imaginarmos uma serpente aparecer do nada, falando com fluência, e tanto Adão quanto Eva não acharem aquilo estranho.

Certamente há algo que devemos compreender aqui para entender o texto na sua profundidade.

A mesma palavra no hebraico que pode significar serpente, cobra e até dragão, pode significar também “aquele que brilha”, “brilhante” ou “cheio de luz”.

É interessante que estas são palavras utilizadas na Bíblia para se referirem a seres celestiais, como anjos.

Não é difícil de entendermos isso.

No português temos palavras que possuem significados diferentes, como a palavra “manga”.

Uma manga pode ser uma fruta ou ser uma parte da camisa.

Uma mesma palavra com significados diferentes, referindo-se a coisas que em nada se relacionam.

O apóstolo Paulo, em 2Co 11.14, afirma que Satanás se transforma em anjo de luz para enganar e seduzir muitos.

Ele é a tal serpente de Gênesis.

Nunca foi um animal falante que enganou o primeiro casal no Éden!

Aquele que se faz de anjo de luz foi quem os enganou e seduziu com sua beleza, sabedoria e aparência celestial.

Ezequiel, também de uma forma simbólica, descreve a “serpente”, chamada por ele de “rei de Tiro”.

Em Ez 28.11-19, o Diabo é descrito como um querubim que foi criado perfeito, sábio, formoso, cheio de glória. Era um anjo poderoso do exército divino e que andava na presença do Criador. Entretanto, um dia ele foi tomado pela iniquidade e passou a usurpar o lugar e a glória do Altíssimo.

Isaías também evidencia o elemento de brilho angelical em Satanás (Is 14.12-15).

Ele é chamado de estrela da manhã e filho da alva.

Veja como está de acordo com a linguagem simbólica de Gênesis!

O Inimigo foi criado de forma perfeita, cheio de luz, mas hoje ele está em trevas e utiliza-se da luz apenas para seduzir, enganar, matar e destruir.

Lembremos que ele também é chamado de Lúcifer, ou seja, anjo de luz.

Após estudarmos os textos acima, podemos notar que o Diabo não apenas desobedeceu a Deus ou simplesmente pecou.

Ele desejou, planejou e agiu para derrubar o Criador e assentar-se no seu trono como se fosse o soberano. Ele assumiu uma posição de rebeldia e oposição radical e definitiva.

Em Ap 12.9, está claro que a serpente descrita em Gênesis não era um animal apenas, nem uma cobra que foi possuída momentaneamente por Satanás.

O apóstolo João afirma que a antiga serpente é o próprio Diabo, o sedutor de todo o mundo.

O que estava realmente acontecendo naquele momento de conversa entre Lúcifer, Adão e Eva?

Lembremos dos três céus descritos na Bíblia.

O primeiro é o que está sobre nossas cabeças, onde os pássaros voam, as nuvens permanecem, enfim, é o céu físico que conhecemos.

O segundo céu é onde as batalhas espirituais acontecem.

É a dimensão onde anjos e demônios guerreiam todos os dias.

E o terceiro céu é onde está o trono de Deus, é de onde o Eterno reina sobre tudo e todos.

Com aquela conversa, Lúcifer estava trazendo para a terra a guerra que já havia iniciado no segundo céu.

Ele estava tentando conquistar espaço e tomar aquilo que está debaixo da soberania do Senhor.

Entretanto, ao estudarmos o terceiro capítulo de Gênesis, perceberemos a palavra de julgamento que ele recebeu de Deus.

Simbolicamente, ao dizer que a “serpente se arrastaria para sempre” (Gn 3.14), o Eterno estava afirmando que Lúcifer já não tinha mais autoridade de querubim, já não voaria cheio de glória pelos céus, mas se arrastaria humilhantemente “pelo pó”.

Além disso, ele também recebeu uma promessa divina de que ele chegaria a ferir o Messias, entretanto, este mesmo Cristo o venceria completamente (Gn 3.15).

A antiga serpente foi vencida na cruz.

O apóstolo Paulo afirma que Jesus venceu todo o mal, o pecado, a morte e o Diabo ao entregar-se sem pecado, de forma obediente e consagrada ao Pai no Calvário.

Jesus, no momento em que parecia estar fraco, frágil, indefeso, sem recurso algum, venceu o mal e expôs todo exército satânico ao desprezo e humilhação (Cl 2.13-15).

Louvemos ao Cristo vencedor, pois nele já somos mais que vencedores.


PESCA

Tema: A sedução da serpente (Ensino)

Para este estudo é muito importante a leitura do artigo e dos textos bíblicos nele presente.

  1. Por que é importante sabermos como a “serpente” se manifestou no passado e como ela o faz hoje?

  2. Quando escolhemos não assumir um compromisso com Cristo, viver sempre a uma certa distância do Senhor, será que não tem um toque da “serpente” por trás disso? Isso nos livra de qualquer responsabilidade?

  3. Quando deixamos de levarmos nossos filhos na igreja e nós mesmos sermos exemplos de fé para eles, será que a decisão é fruto da nossa liberdade simplesmente ou existe um toque maligno nisso também? Por que somos tão facilmente enganados?

  4. No Éden, a batalha que antes estava limitada ao segundo céu chegou a nós. Sendo essa realidade tão concreta, por que a grande maioria de nós vive como se tal batalha por nossas vidas, famílias e igreja não existisse?