Aquele que testifica estas coisas diz:
Apocalipse 22. 20
Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus!
Iniciamos na semana passada o tempo litúrgico do Advento.
Dentro das fileiras evangélicas, mesmo nas igrejas reformadas, há sempre alguma confusão e até desconforto em relação a este período do calendário cristão.
Na maioria das vezes esta estação é reduzida a uma simples preparação para o Natal, como se esperassem ainda a vinda de Jesus na gruta de Belém.
Esta é uma devota regressão simplória que empobrece a esperança cristã.
Muito embora o Advento também seja um tempo de leituras, orações, hinos e pregações que giram em torno das profecias do Antigo Testamento que nos prepararam para celebrar com maior gozo o evento da encarnação do Verbo, na verdade ele ancora-se mais em um artigo do credo Niceno-constantinopolitano que fixa a seguinte proposição dogmática:
“E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus e encarnou, pelo Espírito Santo, no seio de Maria virgem e se fez homem.
Também por nós, foi crucificado sob Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras. Subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai.
E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.”
Então, o tempo litúrgico que precede a solenidade do Natal é a prática eclesial da espera por Jesus Cristo.
Estaríamos nós convictos de que ele voltará um dia?
Estaríamos nós como Igreja e com cristãos, individualmente, praticando esta espera?
Jesus veio uma primeira vez, revestiu-se de humildade, fez-se pobre, vulnerável, assumiu a nossa limitação humana, sofreu fadiga, dor, fome.
Chorou a perda de um amigo, sentiu o duro golpe da traição de um discípulo, angustiou-se em face do terror que o aguardava na cruz e morreu a nossa morte humana.
Ressuscitado ao terceiro dia e tendo ascendido aos céus, há de voltar um dia glorificado.
O Rei, Sacerdote e Profeta de Deus retornará com poder incomparável, majestade indefectível, glória imarcescível e com absoluta autoridade para julgar vivos e mortos.
Em sua vinda, Jesus estabelecerá de forma plena o seu reino eterno de justiça.
Basílio, um eminente pai da Igreja, afirmou:
“O cristão é aquele que vive em um estado permanente de espera, de vigia, a cada dia e hora, sabendo que o Senhor vem”.
Basílio
Claro, pedagogicamente a Igreja sempre entendeu que o Advento também é um tempo kerigmático, um tempo onde a encarnação do Filho de Deus é o ponto de partida para se apresentar o plano da redenção e se fazer o pleno anúncio do Evangelho de Cristo.
O Advento tem uma dupla missão na Igreja.
Em primeiro lugar, devolver à festa do Natal o seu sublime caráter cristocêntrico.
Levar-nos às Escrituras Sagradas para testificarmos que a maior e mais importante de todas as promessas de Deus já se cumpriu quando o Pai enviou o Filho por amor a nós.
A mensagem do Advento nos ensina a tirarmos os olhos do mundo e focarmos no Senhor e suas bênçãos eternas.
A segunda missão do Advento é nos lembrar que devemos esperar em santidade e anunciar, com ousadia e fé, o retorno do Rei dos reis.
O Advento nos alerta:
“E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram:
Atos 1. 10-11
Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.
A Igreja não deve esperar de forma passiva, mas indo ao mundo para declarar a grandeza do Salvador, a beleza do seu amor e a realidade da sua graça.
A espera não deve nos paralisar. Ela deve ser dinâmica. Portanto, esperemos o Senhor em atitude de vigília, oração e missão.
Esse é o coração do Advento.
Texto baseado na revista Ultimato, 02/12/2016
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