a boy lying on the bed
a boy lying on the bed

Amor que cura

Amor que cura

A nossa caminhada com Cristo nem sempre é como gostaríamos que fosse.

Nós, com certa frequência, falhamos com o Senhor, deixando de honrá-lo com as atitudes, palavras e prioridades esperadas no reino de Deus.

Isso não é um erro de apenas alguns discípulos de Jesus, mas de todos.

O apóstolo Pedro é um exemplo disso.

Mesmo sendo apóstolo, tendo caminhado com Jesus em todo o seu ministério no mundo, traiu o Senhor no amor e na fidelidade ao negá-lo três vezes em seu momento de maior dor, angústia e sofrimento (Mt 26. 69-75).

O medo, a insegurança e a falta de fé acabaram falando mais alto do que a sua fidelidade e amor pelo Senhor.

Pedro acabou traindo o amor daquele que o amava (sim, não foi só Judas que traiu!).

Ao perceber que tinha negado Jesus, Pedro chorou amargamente e decidiu que não era digno de servir no reino de Deus.

Mesmo depois de Jesus ressuscitar e estar com eles, Pedro insistiu em voltar para a vida de pescador.

Os outros discípulos, amigos e familiares não conseguiam ver a profundidade do sofrimento provindo da vergonha e da culpa que sentia por ter falhado com Cristo, mas ele afundava cada dia mais em suas dores na alma por ter traído o amor daquele que o amava.

É Pedro pior do que nós por ter negado ao Senhor?

Não. Afinal, nós todos traímos o Amado Salvador muitas vezes em vida, fracassamos diversas vezes e de diversas formas.

O único jeito de um ser humano nunca trair e fracassar de alguma forma com alguém que o ama seria nunca amar ou confiar em ninguém, mas isso seria provar do inferno já na terra. Fomos criados para amar e sermos amados, portanto, viver sem isso seria negar a nossa própria essência existencial e ignorar o caminho de vida que Deus tem para nós.

Você pode dizer: “Pedro não falhou apenas como uma pessoa que trai o amor de outra. Ele falhou com o Senhor!”

Sim, ele traiu o amor e a fidelidade de Cristo.

Mas não é isso que fazemos sempre que pecamos, colocamos nossos desejos, planos e apego às coisas materiais acima da vontade de Jesus?

O Redentor conhece a nossa natureza pecaminosa, sabe que erramos, fracassamos com Deus, com aqueles que nos amam e até com a gente mesmo.

Somente ele nunca errou com ninguém, nem com o Pai.

Todos outros seres humanos, homens e mulheres, fracassaram, traíram pessoas e ao próprio Deus.

Por nos conhecer e, mesmo assim, continuar nos amando profundamente, Jesus não nos abandona em nossa vergonha e culpa. Pelo contrário, ele vem até nós para nos restaurar.

Como já dissemos, Pedro havia desistido de ser discípulo, de ser apóstolo.

Ele havia decepcionado ao Senhor e a si mesmo.

Toda a culpa e vergonha o impediam de trabalhar no reino de Deus, na edificação da Igreja.

Mas Jesus nunca desistiu de Pedro e, após a ressurreição, separou um tempo para tratar as feridas na alma dele e devolvê-lo curado ao ministério que lhe havia chamado a cumprir (Jo 21. 15-19).

Para nós, pecadores, amar implica em correr o risco da traição e decepção. Amar é frequentemente experimentar ou cometer traição. Apesar disso, por causa da ressurreição de Cristo, a identidade dos traidores não precisa estar presa à traição e ao fracasso. No reino de Jesus Cristo, a última palavra sempre é o amor e a restauração que dele vem.

Não precisamos permanecer presos aos nossos fracassos, como se determinassem quem somos.

Em Cristo, temos um recomeço a cada dia. Nossa identidade não está em nossos erros passados, mas no Senhor. O efeito do ato expiatório de Jesus não é algo para ser provado apenas no céu, mas inicia hoje em nossa vida, curando nossa alma, libertando-nos da nossa culpa, vergonha e pecado.

Em Cristo, somos livres para viver com paz, alegria e esperança.

Nele, somos chamados para servir ao reino de Deus no mundo e convidar outros para provarem do poder do amor que nos liberta e cura.

Baseado nos escritos do Pr. Ray Anderson