O evangelho de João inicia dizendo que Jesus é a Palavra que veio ao mundo viver entre nós.
Dessa forma, ele é a revelação da Trindade por meio das suas duas naturezas: a humana e a divina.
A natureza divina de Jesus é o que garante o conteúdo da revelação de Deus, enquanto a sua natureza humana a estabelece como realidade no mundo, como parte da história, como algo que possa ser entendido e experimentado por nós, criaturas presas a este mundo, às suas leis e limites.
Jesus, sendo Deus com o Pai e o Espírito, não apenas dá vida, mas ele mesmo é a vida.
Fora dele, ela não existe e nem é uma possibilidade.
Nele, Deus habitou entre nós para que pudéssemos provar dele e do seu amor de forma concreta.
Em Cristo, a Trindade Excelsa se revela à humanidade e a toda a criação, pois ninguém além do próprio Deus poderia revelar quem ele é.
A Trindade é incompreensível, inexplicável e inatingível por qualquer mérito ou capacidade inerente aos seres humanos ou a qualquer outra criatura do mundo físico ou espiritual.
No Apocalipse, o apóstolo João olha para o trono de Deus, mas não consegue vê-lo ou compreendê-lo (Ap 4).
O máximo que ele consegue descrever é um pouco do brilho que refulge daquele que nele se assenta.
Ele percebe características humanas por trás daquele brilho intenso, mas não consegue ir muito além.
Por estarmos presos aos nossos limites de criaturas só podemos compreender aquelas coisas que fazem parte do nosso mundo e realidade.
Deus transcende infinitamente tudo e todos, portanto, toda a revelação divina deve partir dele.
Quando afirmamos definir Deus estamos na verdade negando aquele que não pode ser compreendido.
Qualquer um que ouse revelar Deus por seus próprios méritos, conhecimento ou sabedoria, não passa de um rebelde soberbo que se julga Deus.
O teólogo Karl Barth comenta:
Nenhuma filosofia pode compreender a transcendência de Deus, pois os filósofos não chegam senão aos limites do incompreensível.
Toda a filosofia gira em torno dos céus, mas o Evangelho nos fala daquilo que está nos céus e além dele!
Nenhum espiritualista, idealista ou existencialista pode nos trazer a realidade de Deus.
A transcendência divina é demonstrada, revelada e se torna real a nós em Jesus Cristo.
O mundo não é capaz de receber uma revelação, por seus olhos, seus ouvidos ou seu entendimento. É Deus quem fala de Deus.
O teólogo Emil Brunner comenta:
Deus não é um objeto que o ser humano possa manipular pelos meios de sua própria razão.
Ele é um mistério que permanece nas profundezas da luz inacessível.
Nós não temos o direito de comparar Deus com alguma coisa conhecida por nós.
Ele é incomparável e não pode ser definido.
Nada podemos com o Deus incognoscível até que o encontremos em sua revelação.
Deus é conhecido apenas onde ele mesmo faz o seu nome conhecido.
Nem mesmo os anjos que estão a serviço de Deus podem revelá-lo de forma fiel, pois Deus é infinitamente maior do que qualquer criatura possa compreender e revelar à outra.
Se a voz de Deus se faz ouvir por toda a terra é porque ele se revelou a nós por meio do Filho.
Jesus é Deus em linguagem humana.
Ele abre os céus, expõe o trono do Altíssimo e nos convida a nos achegarmos até aquele que nele se assenta.
Entretanto, ao nos achegarmos a ele, descobrimos que a face de Deus que contemplamos é a face do próprio Cristo, aquele que é e será eternamente a revelação da Trindade à toda a criação.
Conhecer Deus é conhecer aquele que o revela e traz a nós a realidade divina de forma concreta: Jesus Cristo.
Por ele e o Pai serem um na comunhão do Espírito, podemos ter a plena certeza de que sua revelação é perfeita.
O homem Jesus – em tudo que é, diz e faz – revela-nos aquilo que Deus é em seu caráter interno e, também, na sua atitude em relação a nós.
Jesus é a manifestação real da Trindade eterna na humanidade.
Se quisermos saber quem Deus é só nos resta olhar para Cristo, pois mais nada nem ninguém poderia nos revelar fielmente e verdadeiramente a identidade do Triúno Deus.
Quer conhecer Deus? Olhe para Cristo.
Afirma crer em Deus, mas nega Cristo? Não dá, pois crer em Deus é crer em Jesus.
Quer andar com Deus? Ande com Cristo.
Nenhum tipo de reflexão humana – seja pela ciência, filosofia, ou religião – pode lhe revelar Deus. Só Jesus Cristo!
Entregue-se a ele hoje.
PESCA
Tema: Como conhecer Deus? (Ensino)
Texto: João 1. 1-18
A palavra tornou-se carne
1 No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus e a Palavra era Deus. 2 Aquele que é a Palavra estava com Deus no princípio.
3 Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. 4 Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. 5 A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram.
6 Surgiu um homem enviado por Deus, chamado João. 7 Ele veio como testemunha para testificar acerca da luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem. 8 Ele próprio não era a luz, mas veio como testemunha da luz. 9 Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os homens.10 Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu. 11 Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam. 12 Contudo, aos que o receberam, aos que creem no seu nome, deu‑lhes a autoridade de se tornarem filhos de Deus, 13 os quais não nasceram do sangue, nem pela vontade da carne, nem pela vontade de homem algum, mas nasceram de Deus.
14 Aquele que é a Palavra tornou‑se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade.
15 João dá testemunho dele e exclama:
― Este é aquele de quem eu falei: “Aquele que vem depois de mim é superior a mim, porque já existia antes de mim”. 16 Todos recebemos da sua plenitude, graça sobre graça. 17 Pois a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo. 18 Ninguém jamais viu Deus, mas o Deus Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido.
- O que o v.18 nos ensina sobre a revelação de Deus ao mundo?
- Como os comentários de Barth e Brunner do artigo desta semana se relacionam ao v.18?
- Nos vs. 1-5 e 15, percebemos a natureza divina de Jesus. Já nos vs. 6-11, está claro a natureza humana de Cristo. Como as duas naturezas de Jesus Cristo são importantes e essenciais na revelação divina a nós? (O segundo parágrafo do artigo pode auxiliar nesta resposta).
- O 4º e o 5º parágrafos do artigo falam sobre a transcendência divina e a compreensão humana de Deus. Qual é a grande lição presente neles?
- Os três últimos parágrafos do artigo falam sobre a imanência divina e a compreensão humana de Deus. Qual é a grande lição presente neles?
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