Assim como bater o leite produz manteiga e torcer o nariz produz sangue, também suscitar a raiva produz contenda.
Provérbios 30. 33
É muito fácil culparmos aqueles que estouram de repente e aparentemente por nada contra nós ou outras pessoas.
Não que estejamos justificando a atitude destes, no entanto, o versículo bíblico acima nos ensina que nem sempre eles foram os iniciadores das contendas.
É claro que tanto quem inicia quanto quem dá prosseguimento a um desentendimento está errado, mas se aquele que gerou tal incidente tivesse agido com mais sabedoria, nenhuma desavença e agressão teria acontecido.
Existem muitas formas pelas quais suscitamos raiva em outros e, consequentemente, contendas.
Uma delas está nas palavras utilizadas.
Elas podem ferir profundamente nossos semelhantes.
Às vezes, sem percebermos, escolhemos palavras que, apesar de soarem como pacíficas para nós, são muito agressivas para outros.
Precisamos estar sempre atentos à reação do próximo, verificando como aquilo que dissemos chegou até ele.
Isso tem a ver com respeito e comunhão com o outro.
Ainda que escolhamos palavras certas, a forma que falamos pode incitar a ira naqueles que convivemos.
Postura, intensidade da voz, gestos com as mãos, enfim, tudo participa no momento da comunicação.
Mesmo quando nossos lábios dizem palavras de paz, se o nosso corpo disser algo diferente, o resultado será brigas e mágoas.
Há ainda outra forma que as palavras – mesmo que sejam corretas, ditas pacificamente tanto pelos nossos lábios quanto pelo nosso corpo – acabam gerando a raiva que conduz à contenda: palavras ditas fora de hora ou em locais inadequados.
Por exemplo: pais que corrigem seus filhos na frente de outros acabam os humilhando e gerando ira em seus corações.
Qual seria o certo a fazer?
Não os corrigir?
Não é essa a solução.
Seria muito melhor levá-los até um local separado e, então, exortá-los em amor, longe da exposição e humilhação pública.
Outro exemplo é o casal que decide discutir diferenças de posicionamentos e atitudes na frente de outros.
Isso acaba gerando muitas feridas e raiva.
O casal deve conversar sim, mas em momento e local adequado, longe dos amigos e parentes.
A falta de verbalização também pode gerar a raiva que conduz à contenda.
Uma palavra de apoio não dada, um elogio que passou em branco, uma falta de interação real nossa com o outro diante de uma situação que está nos apresentando são instrumentos geradores de desavenças e que podem acabar com relacionamentos que antes eram tão sinceros, profundos e abençoadores.
A raiva nas pessoas pode ser despertada por nós por outros meios além das palavras.
A soberba, por exemplo, é uma atitude que gera muitas contendas.
Posicionar-se como maior, superior, mais inteligente, sábio, habilidoso ou bonito pode despertar a ira no íntimo da alma do próximo.
Uma atitude isolada de soberba já machuca, no entanto, pessoas que agem sempre com altivez acabam tendo muitos inimigos na vida, pessoas que odiarão estar na sua presença.
Isso é comum na relação patrão-funcionário.
Quando os patrões agem como se fossem maiores e melhores que seus funcionários ao invés de os tratarem com amor e respeito, como seus semelhantes, acabam vivendo um relacionamento corrompido, cheio de mágoas e com desejos de vingança.
A soberba pode estar presente em todos os nossos relacionamentos, mesmo em nossas casas, sempre gerando raiva e mágoas.
Pais que tratam seus filhos como se fossem inferiores, cônjuges que tratam um ao outro com desprezo ou indiferença, irmãos que desprezam uns aos outros pelos seus gostos e escolhas são exemplos de situações onde as contendas sempre estarão presentes no lar.
Nós, cristãos, temos que buscar a paz.
Cuidemos de nossas palavras, atitudes e comportamentos.
Se alguém tem perdido a paciência com facilidade perto de nós, ao invés de considerarmos tal pessoa desequilibrada, perguntemos a nós mesmos:
Será que tal raiva tem origem em mim?
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