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De quem é a culpa?

De quem é a culpa?

De quem é a culpa?

Certo dia, enquanto caminhava, Jesus viu um cego de nascença e seus discípulos lhe perguntaram: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que ele nascesse cego?” (Jo 9.1,2). É impressionante como o ser humano gosta de apontar o dedo para julgar e condenar outros. Sempre que temos a chance, estamos julgando sem misericórdia, estabelecendo culpados e determinando sentenças sem nenhum amor.

Por que gostamos tanto de passar o nosso tempo apontando, julgando e condenando outros? A primeira razão é que:

Quando sentenciamos outros como culpados de algo, passamos a nos sentir maiores e superiores a eles. Isso insufla o nosso ego e, ainda pior, dá-nos prazer.

Desejamos ser grandes, maiores, reconhecidos por outros como sendo uma elite, uma “raça superior” que deve ser honrada, ouvida e respeitada. Os próprios discípulos de Jesus, em outras circunstâncias, evidenciam esta verdade. Por exemplo, em certo momento os discípulos discutiam entre si sobre qual deles era maior, mais importante. Jesus teve que intervir na conversa e mostrar que no reino de Deus o maior é aquele que serve e não aquele que parece ocupar posições de honra aos olhos humanos (Lc 22.24-27). Este foi o pecado que levou Babel à destruição. Todos ali decidiram fazer uma cidade gloriosa com uma torre altíssima que exaltasse a grandeza deles sobre os povos. Eles diziam: “Vamos construir uma cidade com uma torre que alcance os céus. Assim nosso nome será famoso e não seremos espalhados pela face da terra” (Gn 11.4). Deus, é claro, não aprovou aquela ideia deles e o fim da história todos conhecem muito bem. Foram humilhados e dispersos pela face da terra após graves desentendimentos entre eles mesmos.

Existe, entretanto, uma segunda razão para gostarmos tanto de julgar e condenar outros:

Enquanto julgamos e condenamos outros, tiramos o foco de nós mesmos, dos nossos pecados e fracassos. Fazendo isso, fugimos da nossa realidade imunda e vivemos como se fôssemos melhores do que aqueles que acusamos.

Ninguém gosta de sentir dor e sofrer, mas é isso mesmo que acontece quando olhamos, com humildade e sinceridade, para dentro do nosso coração. Descobrimos quem realmente somos e isso dificilmente nos agrada. Pelo contrário, isso nos entristece e constrange, pois todos os nossos fracassos são expostos, o nosso pecado se evidencia e, com ele, vem a vergonha e o sofrimento. Somos, por isso, sempre tentados a focar nos erros de outros ao invés de olharmos para o nosso interior. Entretanto, ninguém será santificado enquanto insiste em fugir de sua realidade. Se não vermos a nossa imundícia, não existirá arrependimento. Se não vermos culpa em nós mesmos, não nos importaremos com o Salvador e sua cruz. Esse processo é dolorido? Sim, claro. Mas sem dor não existe amadurecimento nem santificação. Olharmos para dentro de nossa alma e enfrentarmos a vergonha é sempre um desafio, mas é essencial não fugirmos dessa luta.

Jesus, diante da pergunta dos discípulos sobre o culpado pelo sofrimento do cego, não seguiu o caminho do coração humano. Pelo contrário, ele enfatizou o amor do Pai e a graça que seria derramada sobre a vida daquele que, até então, era cego, dizendo: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele” (Jo 9.3). Ou seja, com Jesus aprendemos algo sobre buscarmos sempre culpados fora de nós mesmos:

Ao invés de apontarmos o dedo para julgar outros sem misericórdia alguma, enfatizemos aquilo que Deus pode fazer em suas vidas por meio da graça e misericórdia divinas.  Afinal, não somos melhores do que aqueles que condenamos incompassivamente.

Precisamos lembrar que, ao julgar outros, corremos um sério risco. Lembremo-nos das palavras de Jesus enquanto ele ensinava: “Não julguem para que não sejam julgados. Pois da mesma forma que julgarem, serão julgados; e a medida que usarem, também será usada para medir vocês” (Mt 7.1.2). Se pela graça fomos salvos, vivamos pela graça. Se pela misericórdia fomos recebidos como filhos de Deus, com misericórdia ajamos uns com os outros. Enfatizemos a graça e não o pecado. Foquemos naquilo que Deus pode fazer e não no fracasso do outro.

Façamos isso, conforme aprendemos do Senhor, e veremos grandes milagres acontecendo em nosso meio, vidas sendo transformadas pela obra do Espírito Santo. Somente em uma comunidade de amor, que acolhe ao pecador, vemos o agir poderoso do Espírito restaurando vidas e famílias.

Deus seja louvado por aquilo que já fez e ainda fará em nós e por nosso meio. Amém.

PESCA

Tema: De quem é a culpa?

Texto: Jo 9.1-7

  1. A pergunta dos discípulos, no v.2, mostra algo muito comum no ser humano: Gostamos de buscar culpados e condená-los de alguma forma. O artigo semanal do boletim apresenta duas razões para isso acontecer. Leia o artigo e conversem no grupo sobre as duas razões.
  2. Jesus não seguiu a lógica do pecado apresentada pelos discípulos para explicar o sofrimento daquele homem. No terceiro ponto do artigo, temos duas lições tiradas das palavras de Cristo para os discípulos. Que lições são essas? Se não as seguirmos, quais serão as consequências, tanto para nós quanto para aqueles que acusamos?

3 respostas para “De quem é a culpa?”

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