Em certo sentido, confessar “Jesus como Senhor” é reconhecê-lo como Senhor da sociedade, mesmo daquelas sociedades ou segmentos delas que não reconhecem explicitamente seu senhorio.
Consideremos este dilema que o Novo Testamento coloca diante de nós.
Por um lado, diz-nos que Jesus é Senhor.
Ele destronou principados e potestades, triunfando sobre eles na cruz — Cl 2.15.
Deus o exaltou à sua mão direita e colocou tudo debaixo de seus pés — Ef 1.20-22.
Por outro lado, nós continuamos lutando contra os principados e potestades das trevas.
Eles podem ter sido derrotados e até privados de poder; mas continuam ativos, influentes e sem escrúpulos — Ef 6.11-18.
O apóstolo João declara que “o mundo inteiro jaz no maligno” — 1Jo 5.19.
De fato, este dilema está bem resumido no Salmo 110.1, que foi citado por Jesus e por vários autores do Novo Testamento.
Nesse versículo, o Messias é descrito como alguém que reina à mão direita de Deus e também como quem aguarda a derrota de seus inimigos.
Como é que podemos conciliar estas duas perspectivas?
Quem é Senhor, Jesus ou Satanás?
Está Cristo reinando sobre seus inimigos, ou está esperando que se rendam?
A única resposta possível para essas questões é: as duas coisas.
Temos que distinguir entre o que é de jure (por direito) e o que é de facto (de fato ou na realidade).
De jure Jesus é Senhor, pois Deus o elevou ao lugar mais sublime.
De facto, porém, é Satanás que reina, pois ainda não foi declarado derrotado nem foi destruído.
Já que Jesus é Senhor por direito, isto é, por determinação divina, nós não podemos ser condescendentes em nenhuma situação que negue isso.
Bem que gostaríamos que aquele que é Senhor fosse reconhecido como tal; essa é a nossa tarefa evangelística.
Entretanto, mesmo em uma sociedade que não reconhece especificamente seu senhorio, ainda nos preocupa que os seus valores prevaleçam, que os povos de todas as raças e religiões tenham respeitados os direitos e a dignidade humana, que mulheres e crianças sejam tratados com honra, que se garanta justiça para os oprimidos, que a sociedade se torne mais justa, compassiva, livre e serena.
Por que nos preocupamos com essas coisas?
Porque Jesus é, por direito, o Senhor da sociedade, e porque ele se preocupa com elas.
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