Temos nos perdido no conceito de povo de Deus em nossas igrejas. O mundo tem nos conduzido a nos tornarmos egoístas e isolados de tudo e todos. Não queremos nos comprometer com nada, nem mesmo com amigos e família, muito menos ainda com instituições, como igrejas. Buscamos fazer apenas o que o nosso coração deseja, no nosso tempo. Os relacionamentos limitamos à internet, à curtidas de instagram, Tik Tok e semelhantes, sem nenhum envolvimento ou compromisso maior.
São vários os textos bíblicos, tanto no Antigo como no Novo Testamento, que nos direcionam a uma vida de comunhão com os irmãos na fé, a vivermos relacionamentos onde existe um compromisso profundo de uns com os outros, de cada um com Deus e da comunidade da fé com o Senhor. Todo esse compromisso relacional ainda é acrescido de um envolvimento profundo de cada um individualmente e da comunidade como um todo com a missão a nós confiada pelo Senhor.
Em um momento, enquanto o povo ainda estava no deserto a caminho da terra prometida, podemos perceber alguns desses elementos citados acima (Ex 35.4-40.38).
Primeiramente, Moisés, em nome do Senhor, ordenou ao povo que entregasse ofertas do ouro, da prata, do bronze, do estofo azul, da púrpura, do carmesim, do linho fino, de pelos de cabra, de peles de carneiro tintas de vermelho, de peles finas, de madeira de acácia, de azeite para iluminação, de especiarias para o óleo de unção e para o incenso aromático, de pedras de ônix e de engaste. Tudo isso deveria ser entregue para a obra do Senhor, mas não com um coração murmurante, e sim com o coração alegre e satisfeito.
O povo, por incrível que nos pareça hoje, respondeu prontamente e com um coração disposto a investir na obra do Senhor. O quebrantamento do Espírito foi tão forte que Moisés teve que ordenar que parassem de trazer ofertas, pois já haviam arrecadado muito mais do que precisavam (Ex 36.5-7).
Em segundo lugar, Deus demonstra ao seu povo tudo que eles deveriam realizar para que a obra divina se realizasse no meio do povo (Ex 35.10-19). Eles teriam muitas coisas para fazer e nenhum deles era capaz de realizar todas elas sozinho. Além de ser muita coisa, eram tarefas diferentes que dificilmente alguém estava apto a realizar mais de uma ou duas delas. O povo teria que trabalhar junto, cada um com seus dons e habilidades naturais e adquiridas.
Em terceiro lugar, o Espírito Santo capacitou pessoas diferentes para obras diferentes. Deu-lhes habilidade, inteligência e conhecimento para cada tarefa que deveria ser realizada para que a obra de Deus como um todo se cumprisse. O Espírito também direcionou pessoas a ensinarem outras aquilo que sabiam para que viessem a somar na obra de Deus (Ex 35.30-36.1). A obra do Senhor não era realizada por alguns apenas. Pelo contrário, todos deveriam estar envolvidos, cada um com suas capacidades específicas.
Em quarto lugar, aquilo que foi arrecadado das ofertas para a obra foi entregue àqueles que trabalhariam em cada elemento do projeto divino, de acordo com suas habilidades. Tudo era para a obra. Nada para o engrandecimento ou enriquecimento de qualquer servo de Deus. Nem mesmo para Moisés, o grande líder que os liderava naqueles dias (Ex 36.2-4).
Em quinto lugar, cada um assumiu sua parte na missão. Estava na hora de utilizarem seus talentos para o serviço do Senhor. Vejamos algumas obras realizadas por cada grupo específico naquele povo:
- Trabalho com metais, como ouro e prata, por exemplo (Ex 35.30-35);
- Preparo de diferentes tipos de cortina para o tabernáculo, em diferentes tecidos, peles e pelos de cabra (Ex 36.8-19);
- Preparo de tábuas de madeira e travessas banhadas a ouro, além de estruturas de fixação banhadas a prata e ouro (Ex 36.20-34);
- Preparo do véu de estofo azul, púrpura, carmesim e linho fino no qual foram bordados querubins (Ex 36.35);
- Colunas com ganchos metálicos banhados a ouro e bronze (Ex 36.35-38);
- A Arca da Aliança foi feita de madeira e banhada a ouro, por dentro e por fora. Uma estrutura toda de madeira foi feita para o transporte da Arca, tudo banhado a ouro (Ex 37.1-9);
- Querubins de ouro batido para a Arca da Aliança (Ex 37.1-9);
- Uma mesa e seus utensílios (Ex 37.10-16);
- Um candelabro de ouro (Ex 37.17-24);
- De madeira, o altar de incenso coberto de ouro (Ex 37.25-28);
- Preparo do óleo sagrado e do perfumado incenso santo (Ex 37.29);
- O altar do holocausto e toda a sua estrutura em madeira (Ex 38.1,2);
- Utensílios para o altar do holocausto, como pás, bacias, garfos, braseiros, uma grelha e varais e argolas para transporte (Ex 38.3-8);
- As muitas e variadas cortinas, colunas, pregos, estacas, ganchos e toda a estrutura do átrio (Ex 38.9-20);
- As complexas e maravilhosas vestes sacerdotais (Ex 39.1-31).
Cada um do povo teve que cumprir com alegria e compromisso a sua parte no todo, seja costurando, bordando, trabalhando com metais, banhando estruturas e elementos no ouro, prata e bronze, trabalhando com a madeira, pensando na engenharia da construção, preparando a decoração de diversos elementos com pedras preciosas, treinando pessoas, administrando e conferindo o trabalho dos diferentes grupos para que no fim a obra se cumprisse conforme o Senhor a desejava.
Em sexto lugar, após o povo fazer a sua parte, Deus chama Moisés, o “pastor” daquele grupo, para levantar o tabernáculo e realizar aquilo que lhe cabia realizar (Ex 40.1-33). O líder fez apenas a sua parte naquele projeto divino. Ele não invadiu nem fez aquilo que cabia a outras pessoas daquela comunidade da fé resgatada do Egito. Cada um honrou o chamado do outro, valorizou as habilidades do próximo e teve certeza da importância do seu compromisso pessoal para a comunidade e para a obra divina.
Em sétimo lugar, após cada um cumprir o que deveria realizar para que a obra se concretizasse, o Espírito Santo encheu o tabernáculo que eles edificaram com a sua presença e passou a conduzir e guardar o povo de uma forma muito especial naquela jornada pelo deserto. O Senhor abençoa a nossa comunhão e o trabalho que nasce dela.
Precisamos viver desta forma como povo de Deus. Ter a certeza do nosso chamado para a missão a nós confiada e nos envolvermos, de corpo e alma, na obra do Senhor. Devemos aprender a andar lado a lado uns com os outros, sabendo que somos diferentes, não para exaltarmos uns em detrimento de outros, mas para nos completarmos e realizarmos juntos a obra de Deus no mundo.
Façamos como o Senhor deseja que seja feita a sua obra e não como o mundo nos direciona a conduzirmos a nossa vida comunitária e fé no Salvador. Envolvamo-nos na obra de Cristo. Cumpramos o nosso chamado como povo de Deus. Transformemos o mundo juntos, cada um consagrando seus dons e habilidades ao Senhor, para sua honra e seu serviço.
NOSSA ORAÇÃO
Senhor, desperte a tua igreja! Precisamos do sopro do teu Espírito nos reavivando, reanimando e alegrando para cumprirmos o teu querer no mundo.
Dá-nos a capacidade e a vontade de vivermos em comunhão uns com os outros, e que nessa comunhão venhamos a servi-lo juntos, com alegria, compromisso e dedicação.
Que a nossa fé não seja apenas mais um detalhe em nossa vida, mas aquilo que nos move, direciona e determina nossas prioridades e valores.
Que a nossa casa seja edificada em Cristo, em comunhão com a igreja local e participante na tua missão no mundo.
Realiza, Senhor, a tua vontade em nós e, por nosso meio, no mundo.
Em nome de Jesus Cristo, o Senhor, amém.
PESCA
O nosso texto bíblico desta semana é muito grande para o lermos no estudo (Ex 35-40). Portanto, usaremos o texto escrito acima para a nossa reflexão. Desejando consultar a Bíblia, os textos das Sagradas Escrituras estão citados.
- Qual é o padrão de comunhão e compromisso com Deus e com a igreja que vemos no mundo hoje? Como isso pode afetar a vida na nossa igreja?
- O texto apresenta sete elementos para que o propósito divino se cumprisse por aquele povo naqueles dias. Que lições tiramos de cada um dos sete pontos para a nossa igreja hoje? E para você, em que essa mensagem o desafia?
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