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Julgar: certo ou errado?

Julgar: certo ou errado?

O crente pode julgar outra pessoa em alguma circunstância? Nas igrejas, muitos ensinam e vivem este aspecto da palavra de Deus de forma errada e, por isso, acabam falhando em muitas decisões, atitudes e posicionamentos durante a vida.

Alguns, por não conhecerem com mais profundidade a palavra de Deus, acabam a compreendendo mal. São muitos versículos que nos ensinam a não julgarmos, mas qual é o sentido deles? O que versículos, como os dois abaixo, trazem para nós sobre o julgar?

“Não julgueis para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis, vos medirão a vós”.

Mt 7.1,2

Ao lermos porções da palavra de Deus como essa, somos tentados a pensar que o cristão não deve nunca julgar. Mas como tomar uma decisão sábia na vida sem nenhuma forma de julgamento prévio? Se estou impossibilitado ou proibido de discernir o certo ou errado que está diante de mim, como poderei evitar o mal em minha própria vida? Não podemos ser simplistas quando lemos a palavra de Deus. É necessário a estudarmos com profundidade para, mesmo que bem intencionados, não acabemos contrariando o que ela realmente nos diz e ensina.

Vejamos as palavras abaixo. Assim como na citação anterior, estas também são do próprio Jesus:

“Não julguem apenas pela aparência, mas façam julgamentos justos”

Jo 7.24

É o Senhor nos ensinando como devemos julgar! Jesus está se contradizendo? Ele não sabia o que dizia e ensinava? Ou será que nós que não compreendemos seus ensinos sobre o julgar as atitudes de pessoas? Certamente é a última opção. Somos nós que temos dificuldade para compreender o ensino do Senhor sobre tal tema.

O apóstolo Paulo também nos ensina a julgarmos conflitos e situações entre pessoas. Ele afirma que, quando Cristo voltar em glória, julgaremos o mundo ao lado dele. Inclusive os anjos serão julgados por nós. Fundamentado nisso, ele afirma:

“Se vocês hão de julgar o mundo, acaso não são capazes de julgar as causas de menor importância?”

1Co 6.2

Não podemos nos abster de julgar e tomar decisões responsáveis no mundo hoje. O apóstolo nos chama a uma maturidade espiritual. Ele nos direciona a julgarmos todas as coisas e retermos o que é bom, justo e reto (1Ts 5.21).

O apóstolo Paulo também direciona a igreja a julgar atitudes e comportamentos que acontecem dentro dela, como em 1Co 11.13. Não julgar tal atitude, naquele contexto cultural e histórico, poderia trazer sérios prejuízos morais, ministeriais e missionais para aquela igreja. Ainda nesta mesma carta, Paulo ensina os cristãos a julgarem aquilo que era pregado e ensinado, sempre com sabedoria, responsabilidade e visando o crescimento espiritual do corpo de Cristo (1Co 14.29). Afinal, uma igreja que não julga a veracidade daquilo que é pregado e ensinado, conferindo tudo com a palavra de Deus, torna-se uma presa fácil aos falsos profetas que estão pelo mundo todo.

O próprio Paulo julgava a si mesmo e a outros, comparando-se a eles. Ele afirma:

“Não me julgo nem um pouco inferior a esses ‘super apóstolos’”.

2Co 11.5

Fazendo isso, Paulo não estava apenas julgando a si mesmo, mas também os tais “super apóstolos”, suas atitudes, palavras e ministério. Pecou Paulo fazendo isso? Não.

Como entender, portanto, a questão do julgamento por parte dos cristãos? Podemos ou não julgar? Em alguma situação é correto julgar e em outras não? Vejamos agora o significado da proibição de julgarmos uns aos outros.

O julgamento do próximo que Jesus condena é a nossa atitude de dar a sentença final para o outro. Ou seja, a palavra JULGAR aqui age como um sinônimo da palavra CONDENAR. As atitudes podem (e devem) ser julgadas, caso contrário, acabaremos errando da mesma forma que outros erraram e desagradaram ao Senhor. O que não podemos fazer é usurpar o lugar de Deus, dando sentenças para aqueles que erraram ou pecaram de alguma forma. Não cabe a nós colocar ninguém no inferno ou dar qualquer tipo de palavra final. A decisão final é, e sempre será, do Senhor.

Para entendermos melhor, vejamos um exemplo entre duas diferentes traduções bíblicas. As duas são muito boas, entretanto, na passagem de Jo 3.17 uma delas deixa mais claro o sentido e propósito do versículo. Na versão Almeida Atualizada, lemos:

“Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que JULGASSE o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”

Jo 3.17 (Almeida Atualizada)

Na NVI, lemos:

“Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para CONDENAR o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele”.

Jo 3.17 (NVI)

Podemos perceber claramente que a palavra JULGAR aqui age como um sinônimo de CONDENAR. Neste caso especificamente, a versão NVI facilita muito mais a compreensão do versículo no seu sentido original, dando uma margem menor para erros de interpretação. Afinal, Jesus julgou sim a atitude de muitas pessoas, apontando seus erros e apresentando o caminho da graça divina para que aquelas vidas fossem restauradas. O que Jesus não fez foi condená-los, dar a eles uma sentença final, encaminhá-los ao inferno antecipadamente. Se não coube ao próprio Cristo em sua primeira vinda condenar alguém, quanto mais a nós, simples servos do Senhor.

Em poucas palavras,

  • Devemos sim julgar os atos, comportamentos, decisões e palavras, sejam nossos ou de outras pessoas. Entretanto, devemos ter sempre em mente que julgar significa confrontar tais atos, comportamentos, decisões e palavras com a palavra de Deus para que sejamos aperfeiçoados no Senhor e na sua vontade para as nossas vidas.
  • Não devemos JULGAR outros quando julgar significar CONDENAR. Não cabe a nós condenar outros, pois não somos justos em nós mesmos nem melhores do que ninguém.
  • Devemos julgar atos, palavras, comportamentos e decisões apenas visando o bem, a restauração, a santificação, a bênção, a aproximação de alguma pessoa de Deus.
  • Não devemos julgar atos, palavras, comportamentos e decisões de outros visando a sua humilhação, desumanização ou rejeição, pois, se assim fizermos, estaremos dando-lhes uma sentença que não temos o direito e a dignidade de dar.

Vivamos a palavra de Deus como ela realmente é, pois desta forma seremos aperfeiçoados diante de Deus e trataremos uns aos outros da mesma forma amorosa que somos tratados pelo Senhor. O Criador não ignora os nossos erros. Ele julga cada uma das nossas atitudes, palavras e decisões para nos mostrar onde estamos errados e como podemos obter o verdadeiro sucesso espiritual em nossa vida. Ajamos assim uns com os outros. Buscando o bem, o aperfeiçoamento, o crescimento espiritual, a santidade. Julguemos humildemente para restaurar, consagrar e abençoar, mas nunca para condenar, destruir ou desumanizar o outro.

Que o Senhor continue a nos santificar até que venha em sua glória. Amém.

NOSSA ORAÇÃO

Senhor, pedimos a ti humildade para julgarmos a nós mesmos, em nossas atitudes, palavras, decisões e comportamentos. Que não sejamos omissos em nossa responsabilidade contigo, com a tua vontade para a nossa vida. Que nos entreguemos realmente a ti, ao teu trabalho em nossa vida.

Pedimos também que nos dê sabedoria para julgarmos as palavras, atitudes, comportamentos e decisões de outras pessoas para que não venhamos a errar como erraram e, também, para as exortarmos, em amor, visando o seu bem e o seu crescimento espiritual.

Livra-nos de julgarmos outros no sentido de levarmos condenação ou destruição para suas vidas. Que façamos sempre sabendo que todos nós somos falhos, pecadores, ainda em processo de santificação. Queremos, como Cristo, julgar para abençoar, salvar e restaurar; não para humilhar, desumanizar ou levar destruição a outras vidas.

Dá-nos, portanto, sabedoria, humildade e compromisso de amor uns com os outros. Ensina-nos a caminhar juntos, modelando uns aos outros segundo Cristo, na comunhão do teu Espírito.

Em nome de Jesus Cristo, amém.

PESCA

Após ler a mensagem acima e os textos bíblicos nela indicados, responda:

  1. O crente é proibido de julgar em todas as situações? Quando a palavra de Deus proíbe o cristão de julgar?
  2. Quando o cristão é direcionado a julgar atos, palavras, comportamentos e decisões de outros? Como isso deve ser feito?
  3. Quando o nosso julgamento implica em uma condenação do outro no tempo presente, ele é rejeitado pelo Senhor. Que tipo de males este tipo de julgamento traz à vida do próximo?
  4. Qual é a importância de julgarmos todas as coisas e retermos o que é bom?