Alguns aspectos importantes a considerar para que tenhamos uma resposta completa:

1) A Lei dizia “olho por olho, dente por dente”. Por mais que isso pareça violento, era justamente para evitá-la que foi estabelecida.

Ao ler o AT, vemos o quão violentos os povos eram; por qualquer violência que sofriam retribuiam com morte de toda família e humilhação.

A Lei, portanto, estava dizendo: Se alguém roubou 10 reais seu, vc não tem o direito de matá-lo, espancá-lo ou algo assim.

Seu direito é pegar os 10 reais.

Se alguém lhe cortou um dedo, vc não pode matar ele e toda sua família, mas somente cortar o mesmo dedo, do mesmo jeito que lhe foi feito.

A Lei veio colocar um limite para que a vingança não acabasse com todos;

2) Jesus afirma que não veio revogar a Lei, mas cumpri-la. Como?

A Lei evitava a violência até certo ponto, mas chegando Cristo a graça também chega de forma plena, ou seja, agora a violência deve ser completamente abolida. A humanidade, antes da chegada de Cristo, tinha a Lei como um tutor, como uma babá que cuidava do menor, da criança.

Chegando Cristo, adentramos a maioridade espiritual e não estamos debaixo de tutores e babás espirituais. Isso nos permite quebrar a Lei?

Não, pois a graça não destrói a Lei, mas a cumpre e vai além.

Se a Lei evitava a violência e desamor até certo ponto a graça em Cristo cumpre a Lei e vai além, excede, transborda da justiça plena.

3) Outro aspecto se refere aos estilos literários na Bíblia.

Temos diversos estilos literários na palavra de Deus e cada um deles tem um propósito diferente.

O livro de Salmos faz parte dos livros poéticos e, por isso, não podemos fazer doutrina a partir dele.

O objetivo dele não é apresentar o coração de Deus ao homem, mas é o homem apresentando o seu coração diante de Deus, e quando o homem apresenta o coração diante de Deus, com sinceridade, aparecem coisas nada bonitas muitas vezes.

Isso não quer dizer que Deus aprove as podridões, mas simplesmente são homens derramando-se diante do Senhor.

Existem livros de doutrina na Bíblia, tanto no AT quanto no NT, dos quais tiramos doutrinas cristãs.

4) Então, se não podemos tirar doutrina de livros poéticos, como Salmos, são eles inúteis?

Não é isso.

Não podemos tirar doutrinas, mas podemos sim tirar lições para nossas vidas, mas a leitura deve ser realizada de outra forma.

Por exemplo, podemos comparar um livro de cardiologia e um livro de poesia.

Os dois falam do coração, todavia, um traz ensinos científicos (fisiologia, anatomia do coração…).

Enquanto o outro fala das emoções que fazem nosso coração disparar e bater mais forte (uma amor perdido ou encontrado, uma paixão não alcançada, …).

Ou seja, cada tipo de livro tem seu propósito no tema, todavia, um não faz o papel do outro. Não podemos cobrar poesia e sentimento num livro de cardiologia, nem fidelidade cientifica num livro de poesia, mas ambos são necessários em nossa vida.

Da mesma forma, não podemos esperar doutrina nos livros poéticos da Bíblia, pois suas lições referem-se aos sentimentos humanos, corretos ou não.

Já, ao ler livros doutrinários, não podemos esperar poesia e sentimento, pois o propósito é ensinar doutrina. Enfim, ao ler os salmos saiba que não está lendo doutrina mas o homem se abrindo ao Senhor.