Mãos à obra!

Mãos à obra!

No final do evangelho de Lucas, Jesus diz aos seus discípulos:

“Está escrito que o Cristo haveria de sofrer e ressuscitar dos mortos no terceiro dia, e que em seu nome seria pregado o arrependimento para perdão de pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vocês são testemunhas destas coisas. Eu lhes envio a promessa de meu Pai; mas fiquem na cidade até serem revestidos do poder do alto”.

Lc 24.46-49

Essas palavras do Senhor não foram importantes somente para aqueles discípulos, mas para toda a Igreja, desde aqueles dias até a volta gloriosa de Cristo.

A mensagem central da Igreja não é a prosperidade material, nem as curas, nem a libertação espiritual, nem o bem estar, ou satisfação do crente. Essas coisas podem estar presentes, é claro, mas não são o centro da mensagem cristã.

Está muito claro nessas poucas palavras que o centro da mensagem da Igreja ao mundo deve ser a morte e ressurreição do Senhor Jesus, pois fundamentada nessas verdades é que ela conduzirá pecadores aos pés do Salvador para que se arrependam e sejam perdoados dos seus pecados na obra redentora dele.

O crente hoje tem se preocupado muito com o próprio conforto. Não quer sair de casa para evangelizar, falar de Jesus, panfletar, ensinar a Bíblia para outros. Qualquer coisa que traga algum incômodo para ele é deixada de lado. Se ele é tímido, ao invés de trabalhar na sua timidez para poder falar de Cristo para outros, prefere não falar nada com ninguém, mas ficar em casa, assistindo televisão, ou no computador, ou talvez no celular.

Além disso, o crente não aceita mais passar por nenhum tipo de luta, necessidade ou dificuldade. As histórias de crentes passando por grandes lutas e desafios, anos em oração, parecem pertencer ao passado. Qualquer conforto, por menor que seja, que o crente tenha que abrir mão hoje, ele já reclama, chora, lamenta e, se demorar para mudar a situação, acaba abandonando a igreja, a fé, e até maldizendo o Senhor.

Como uma Igreja tão apegada às coisas materiais e aos confortos do mundo irá anunciar o Filho de Deus que se esvaziou de toda a Glória, se humilhou e se fez homem para nos salvar?

Como crentes tão dependentes do conforto mundano vão anunciar ao mundo um Senhor que morreu quase nu, abandonado, humilhado e sem nenhum bem material?

Como igreja, temos que colocar o nosso coração no Senhor, no seu Reino e justiça. Nossa fé não pode ser apenas mais um detalhe em nossa vida, mas aquilo que nos move, dá-nos sentido existencial, propósito para caminharmos a cada dia. Só conseguiremos ser testemunhas do Senhor no mundo se realmente tivermos uma fé viva, autêntica, movida pelo Espírito Santo.

Alguns deixam de ser testemunhas de Cristo por se perderem dentro de igrejas em busca de sinais e maravilhas. Querem sempre presenciar curas, milagres, revelações, profecias e as “novidades espirituais” que acontecem dentro das diferentes igrejas. Preferem viver maravilhados com os sinais do que anunciar o maior de todos os sinais: A ressurreição do Senhor! Sem esse sinal, todos os outros não passam de enganos, pois só crendo na ressurreição do Senhor o pecador pode ser salvo. Sem perceber, tais crentes caem em um golpe do Maligno para os desviar da vontade do Senhor.

Cuidado ou você pode acabar fazendo parte daqueles que deixam de anunciar Cristo ao mundo para brincar de “caça aos sinais e maravilhas”.

Outro erro nosso é achar que se estivermos em Cristo, firmes no Senhor, ele satisfará todos os nossos desejos e vontades. Não é assim. Na verdade, quanto mais perto do Senhor estivermos, mais facilmente aceitaremos a sua vontade soberana sobre a nossa vida, mesmo que contrarie a nossa vontade. Cada testemunha do Senhor no mundo deve estar preparada para dizer NÃO para a sua própria vontade. Quanto mais perto do Senhor um crente estiver, mais fácil para ele será negar a sua própria vontade (quando esta estiver em oposição à vontade divina). É importante saber que não estamos sós, pois Jesus orou e aceitou a vontade soberana do Pai sobre a sua vida para que a missão se cumprisse por meio dele (Lc 22.39-46). Ele está conosco para nos fortalecer nestas horas.

Lembremos que: Jesus não nos salvou para satisfazer aos nossos desejos neste mundo. Ao nos salvar, ele se tornou o nosso Senhor. Sendo o nosso Senhor, ele nos enviou ao mundo para anunciarmos a sua salvação a outros e não para termos os nossos desejos realizados aqui, nesse mundo. Não somos o centro. Ele é o centro.

Jesus já derramou o Espírito Santo sobre a sua Igreja. Já fomos batizados no Espírito. Já fomos enviados por ele ao mundo no poder do Espírito. Então, o que falta? Irmos!

O mundo é grande e o desafio, gigante. Mas infinitamente maior que o mundo e que o desafio da missão que nos foi confiada é o Espírito que em nós habita. É ele, o Espírito de Deus que estava presente na criação e que participou com o Pai e com o Filho em todo o processo. É aquele que mantem toda a vida e toda a criação com o seu poder. É aquele que capacitou o Cristo em todo o seu ministério, dando-lhe todo o poder e, também, aquele que o ressuscitou dos mortos ao terceiro dia. Ele tem poder absoluto para criar, curar, vencer a morte, o mal e gerar vida. Esse é o poder do Espírito que habita em nós, Igreja de Cristo. Entretanto:

Só provaremos do poder do Espírito de Cristo realmente quando nos atirarmos com fé, ousadia e obediência na missão que nos foi confiada, pois esse não é um poder para ser utilizado de forma aleatória pela Igreja, mas exclusivamente na missão.

Muitos querem ver e provar do poder do Espírito, mas são poucos que desejam realmente se comprometer com a missão do Espírito. A Igreja é chamada com um propósito e o nosso campo missionário é o mundo. Aqueles discípulos deveriam começar em Jerusalém, pois estavam em Jerusalém. Nós estamos em Londrina, portanto, aqui devemos começar. Que fique claro: começar! Pois o mundo é o nosso campo missionário. Todas as nações, povos, tribos e culturas devem ouvir da graça divina que chega a nós por meio do Senhor Jesus Cristo.

Que o Senhor nos desperte, capacite e dê ousadia e compromisso para a realização da missão que nos foi confiada. Amém.

PESCA

Tema: Mãos à obra!

Texto: Lc 24.46-49.

  1. Qual é o centro da mensagem da Igreja ao mundo?
  2. “Uma igreja, para anunciar o Cristo morto e ressurreto, deve estar preparada para morrer a cada dia por Cristo. Se assim fizer, um dia ela também ressuscitará e estará para sempre com o Senhor Ressurreto”. O que esta frase nos ensina? Como se relaciona ao texto acima?
  3. Entre as palavras de Jesus estão: “Testemunhas”, “envio” e “poder”. O que estas palavras juntas nos direcionam a fazer? Quais são as implicações disso para as nossas vidas? E para a igreja?

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